Não é a primeira que escrevo sobre o tema e sei que não será a última. Contudo, o que me leva a, mais uma vez, escrever sobre isso, é ter a plena certeza de que a Educação é, com certeza, o motor da humanidade. Isso não é novidade, toericamente. Mas até que ponto a prática da teoria encerra a práxis?
Estive dando uma aula inagurual por esses dias numa indústria. Normalmente, minhas aulas inaugurais se pautam na aquisição do conhecimento, pois do meu ponto de vista, de nada adianta o aluno saber que vai estudar, mas não saber a origem das informações que lhe são inculcadas ou a aplicação das mesmas. Vejo, então, o conhecimento não somente como gravar informações, mas como a atribuição das informações a uma curiosidade de alguém, em algum momento, que percebeu o quanto seus estudos poderiam ajudar a humanidade. Enfim... Enquanto falava sobre conhecimento, tipos de linguagens e a importância da Educação, vi os olhos daqueles que estavam há quase 30 anos fora da escola brilharem num misto de curiosidade, esperança, vontade e determinação. Fizeram-me perguntas que me deixaram de queixo caído. Em outras situações, vivenciei e tenho vivenciado a plena mudança que o conhecimento tem provocado na vida dos meus alunos.
Esses dias, mesmo, um aluno me trouxe um material para que eu o ajudasse a interpretá-lo. Um tipo de dicionário bíblico. Outro aluno me disse que estava conseguindo se policiar na pronúncia de gírias no ambiente de trabalho. Outra aluna me disse que já podia ajudar os filhos nos deveres de casa, coisa que antes não conseguia. São exemplos simples que, a princípio, podem não significar muito pra nós que estamos atrelados a um mundo de correntes leituras e estudos sobre diversos assuntos, mas, pra eles, é uma conquista imensa, o que, por sua vez, também é uma conquista para mim. Diariamente, percebo mudanças pequenas, ao mesmo tempo grandiosas, que transformam a vida daqueles que precisam de uma motivação para, depois de um exaustivo dia de trabalho, estarem ali, com sono, com os pensamentos nos filhos, no marido que quer a janta e a roupa lavada e passada, na esposa que está sozinha em casa.
No começo, eu percebia que os alunos iam "obrigados" às aulas, pensando somente no currículo ou numa possível promoção. Agora, não é que deixaram de pensar nisso, mas veem esses objetivos como secundários. Todos os dias querem informações novas e me perguntam como usar isso no dia a dia. A curiosidade é cada vez maior e toda aula deixo um desafio simples, como prestar mais atenção nas propagandas, nas ordens de produção, nas falas das outras pessoas, na entonação, nos cartazes, avisos dentro da própria empresa. O resultado tem sido drástico: todo dia me trazem dúvidas sobre aquilo que prestaram atenção e me falam do quanto é interessante obsevar a Língua Portuguesa nos pequenos detalhes.
É através desses pequenos sinais que percebo o quanto a Educação é o que transforma vidas. A Educação e a paixão. Paixão pelo conhecimento.
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